terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O barco

Dois turistas, que estavam acampados na beira de uma lagoa, decidiram atravessar o lago para fazer uma visita ao boteco do lado oposto. Ficaram por lá boa parte da noite tomando umas e mais umas. Finalmente o bar fechou e eles foram obrigados a voltar para casa. Cambaleando, demoraram a encontrar o seu barquinho e, mais ainda, para sentarem-se nele. Pegaram nos remos e começaram a remar com força. Depois de duas horas, perceberam que ainda não tinham chegado.

- Não deveríamos ter alcançado o outro lado? - perguntou um deles ao amigo.

- Certamente - respondeu o segundo - mas talvez não remamos com a devida energia. Duplicaram os esforços por mais uma hora. Estavam exaustos, mas somente quando o dia começou a clarear perceberam que não tinham saído do lugar. Tinham esquecido de desamarrar a corda que segurava o barquinho ao trapiche.

Sem dúvida uma lei é como um caminho bem traçado pelo qual é possível avançar seguros. No entanto ela pode transformar-se numa corrente ou numa "corda" que nos prende e que nos impede de sair do lugar. Jesus, no evangelho deste domingo, diz-nos que não veio para abolir a Lei antiga, mas para dar sentido e pleno cumprimento a ela. Com efeito, uma lei mal entendida ou cumprida ao pé da letra pode nos deixar com a consciência tranquila, mas pode também nos afastar do seu próprio objetivo. Pelos próprios evangelhos aprendemos que Jesus muitas vezes agiu com extrema liberdade a respeito da lei e, por isso, foi criticado e condenado. Para ele, tinha algo de mais precioso que a mera observância de uma norma: a vida e o amor ao irmão sofredor ou pecador que fosse. O Deus Pai que Jesus veio nos revelar não era nem um fiscal e nem um juiz. Não era um Deus para poucos escolhidos, perfeitos e imaculados. Agora sabemos que Ele é, em primeiríssimo lugar, amor misericordioso, feliz por perdoar e alegre por acolher os caídos à beira das estradas da vida. O Deus, Pai de Jesus e Pai nosso, é um Deus consolador, bondoso e compassivo. Para entender isso precisamos nos libertar das amarras de uma lei fria, sem coração, uma lei que mata em lugar de dar vida. À lei antiga faltava mesmo o cumprimento que Jesus trouxe e que resume a própria lei e os profetas: o novo mandamento do amor.

Somente assim entendemos que não basta "não matar" o irmão. Jesus nos pede de respeitá-lo, de não cultivar raiva ou rancor. Com efeito, o ódio faz que "matemos" o irmão com o pensamento, que o condenemos com o nosso julgamento, que o apaguemos de nossa vida com o desprezo. Para nós é como se não existisse mais, é como se estivesse morto.

Também não devemos praticar um culto somente exterior. Não adianta apresentar uma oferenda bonita a Deus, se o nosso coração está cheio de pensamentos e projetos de vingança. Para que a nossa oferta seja agradável a Deus precisamos ter o coração em paz, precisamos estar reconciliados com os irmãos. Separar as práticas religiosas da nossa vida e dos nossos pensamentos significa esvaziar o culto, e deixar Deus fora da realidade torna inútil a fé. A nossa oração ganha o coração de Deus quando sabemos perdoar e aceitamos ser perdoados.

A fidelidade matrimonial também não pode ser mera fachada. Parar garantir isso precisa vigiar até sobre os próprios olhares e desejos. O amor conjugal deve ser alimentado todo dia pela honestidade e pela confiança recíproca. Quando não é mais motivado e mantido pelo amor, o matrimônio se torna realmente uma prisão insuportável e a convivência uma tortura. Se queremos sustentar a alegria da família, precisamos ter a coragem de cortar relações duvidosas, vícios perigosos e interesses escusos. É o tesouro do amor que sempre deve ser defendido.

A verdade deve resplandecer por si mesma, sem juramentos e inúteis palavreados. Para entrar no reino do céus, é necessário algo mais que a obediência a uma lei: é necessária a criatividade do amor. Muitas "cordas" ainda devem ser cortadas para sair do impasse do nosso comodismo disfarçado de obediência.

Dom Pedro José Conti
Colunista do Portal Ecclesia. 
Bispo de Macapá (AP). Estudou filosofia e teologia no seminário da diocese de Brescia, na Itália. Doutor em engenharia eletrônica no Politécnico de Milão, na Espanha.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

CRB lança campanha de prevenção ao tráfico de pessoas na Copa

Visando contribuir para a prevenção do tráfico de pessoas e da exploração sexual no país, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) desenvolverá ações de conscientização durante a Copa do Mundo de 2014. A campanha “Jogue a favor da vida” foi lançada nesta semana pela CRB em parceria com a Rede “Um grito pela Vida”, da qual faz parte um grupo de religiosas sensíveis à situação de escravidão de milhares de brasileiros que são vítimas deste tráfico.

Atualmente, a CRB conta com 30.528 religiosas consagradas, 7.580 padres e 2.702 irmãos. O objetivo é convocar todo esse grupo para atuar na campanha preventiva que terá início dia 18 de maio em todas as cidades-sedes da Copa do Mundo até o final do evento.

“É uma campanha de prevenção e informação. Material impresso, com conceitos e orientações sobre a prevenção das diferentes modalidades de tráfico humano, será distribuído nas rodoviárias, ônibus, aeroportos, hotéis das cidades que sediarão a Copa”, explica a coordenadora da Rede, irmã Eurides de Oliveira.

Exploração
Hoje, crianças, jovens e adultos passam por situações de tráfico, sendo impedidos de viver com dignidade. Esse tipo de crime contra a vida gera por ano 32 bilhões de dólares para os traficantes de pessoas. E as copas mundiais acabam sendo ocasiões para a prática deste crime.

Em muitos casos, crianças são adotadas ilegalmente, adolescentes levados para treinos esportivos e acabam sendo usados para exploração sexual de aliciadores. De acordo com irmã Eurides, organizações, núcleos de enfrentamento do tráfico, a Pastoral do Menor, universidades, a Cáritas Internacional e o Ministério da Justiça aderiram à campanha “Jogue a favor da vida”.

No Brasil, existem canais para denúncia por telefone, como a Central de Atendimento à Mulher (180) e de Violações aos Direitos Humanos (100).

Com informações de CNBB

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Igreja Católica celebra Dia Mundial do Enfermo

Nesta terça feira, 11, Festa de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial do Enfermo. A data foi instituída por João Paulo II em 1992.

O 22º Dia Mundial do Enfermo tem como tema: “Fé e caridade – também nós devemos dar a vida pelos irmãos”. Na mensagem para a ocasião, publicada em dezembro de 2013, o Papa Francisco dirige-se, de modo particular, às pessoas doentes e a todos os que prestam assistência e cuidados aos enfermos.

O Santo Padre destaca na mensagem que todos os batizados são convidados a esse chamado de zelar pelos que sofrem com enfermidades. ”Quando nos aproximamos com ternura daqueles que precisam de cura, levamos a esperança e o sorriso de Deus às contradições do mundo”.

Francisco termina a mensagem pedindo a intercessão da Virgem Maria e abençoando a todos os enfermos e pessoas envolvidas nos sistemas de saúde. “Confio este 22º Dia Mundial do Doente à intercessão de Maria, para que ajude as pessoas doentes a viver o próprio sofrimento em comunhão com Jesus Cristo. A todos, doentes, agentes no campo da saúde e voluntários, concedo de coração a Bênção Apostólica”.

Desde 1992, o Dia Mundial do Enfermo é celebrado no dia 11 de fevereiro, quando foi instituído pelo Beato João Paulo II.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Confira a íntegra da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014
Terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2Cor 8, 9
)

Queridos irmãos e irmãs!

Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: "Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza" (2Cor 8, 9). O apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?

1. A graça de Cristo

Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: "sendo rico, Se fez pobre por vós". Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, "esvaziou-Se", para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fl 2, 7; Hb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade, Jesus "trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado" (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 22).

A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas - como diz São Paulo - "para vos enriquecer com a sua pobreza". Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a "insondável riqueza de Cristo" (Ef 3, 8), "herdeiro de todas as coisas" (Hb 1, 2).

Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu "jugo suave" (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua "rica pobreza" e "pobre riqueza", a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogénito (cf. Rm 8, 29).

Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.

2. O nosso testemunho

Poderíamos pensar que este "caminho" da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d'Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.

À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.

Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros - frequentemente jovem - se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspectivas de futuro, perderam a esperança! E quantas pessoas se vêem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína económica, anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos auto-suficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.

O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana.

Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.

Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser "tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo" (2Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!

Vaticano, 26 de dezembro de 2013, festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir.

Fonte: Portal Ecclesia

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Santo do dia: São Brás

A vida e os feitos de São Brás atingem aquele ápice de alguns poucos, que atraem a profunda fé e a admiração popular. Ele é venerado no Oriente e Ocidente com a mesma intensidade ao logo de séculos, e até hoje, mães aflitas recorrem à sua intercessão quando um filho engasga ou apresenta problemas de garganta. A bênção de São Brás, procurada principalmente por quem tem problemas nesta parte do corpo, onde é ministrada nesta data em muitas igrejas do mundo cristão.

O prodígio atribuído à ele quando era levado preso, para depois ser torturado, é dos mais conhecidos por pessoas de todo o planeta. Consta que uma mãe aflita jogou-se aos seus pés pedindo que socorresse o filho, que agonizava com uma espinha de peixe atravessada na garganta. O santo rezou, fez o sinal da cruz sobre o menino e este se levantou milagrosa, e imediatamente como se nada lhe tivesse acontecido.

Brás nasceu na Armênia, era médico, sacerdote e muito benevolente com os pobres e cristãos perseguidos e por essas virtudes foi nomeado bispo de Sebaste , isto no século três. Também sabemos que, apesar de aqueles anos marcarem os finais das grandes perseguições aos cristãos, muitos ainda torturados e mortos na mão dos poderosos pagãos. Brás abandonou o bispado e se protegeu na caverna de uma montanha isolada e mesmo assim, depois de descoberto e capturado, morreu em testemunho de sua fé sob as ordens do imperador Licínio, em 316.

Muitas tradições envolvem seus prodígios, graças e seu suplício. Segundo elas, fama de sua santidade rodou o mundo ainda enquanto vivia e sua morte foi impressionante. O bispo Brás teria sido terrivelmente flagelado e torturado, sendo por fim pendurado em um andaime para morrer. Como isso não acontecia, primeiro lhe descarnaram os ossos com pentes de ferro. Depois tentaram afogá-lo duas vezes e, frustrados, o degolaram para ter certeza de sua morte.

O corpo do santo mártir ficou guardado na sua catedral de Sebaste da Armênia, mas no ano 732 uma parte de suas relíquias foram embarcadas por alguns cristãos armênios que seguiam para Roma.

Nessa ocasião uma repentina tempestade interrompe a viagem na altura da cidade de Maratea, em Potenza; e alí os fieis acolhem as relíquias do santo numa pequena igreja, que depois se tornaria sua atual basílica e a localidade receberia o nome de Monte São Brás.

Mais recentemente, em 1983 no local da igrejinha inicial foi erguida uma estátua de São Brás, com a altura de vinte e um metros. Como dissemos, do Oriente ao Ocidente, todo mundo cristão se curva à devoção de São Brás nomeando ainda hoje cidades e locais, para render-lhes homenagem e veneração.

A Igreja também celebra neste dia a memória do santo Santo Oscar.