quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Como José e Maria esperavam o nascimento de Jesus?

 

O maior milagre está escondido em Maria, o maior segredo é cuidado por José

Maria está a caminho de Belém. Junto a José. E com Jesus no seu interior. É advento. É espera. É silêncio. Desligamos o celular e nos conectamos a Deus. Descansamos do barulho do mundo. Faz bem desconectar-se um pouco. Renunciar um pouco. Fazer mais silêncio.

Caminhamos com Maria e José. Maria acalma José quando ele se inquieta. José se ajoelha diante de Maria, diante de Jesus em Maria. Maria, no advento, é o único lugar do mundo onde se encontra o Deus feito carne. Que grandeza! Que pequenez!

O medo, a incerteza, o sentimento de fragilidade, o poder descansar em José. Maria não está sozinha. Como Deus é bom! Ela pode falar com José, sonhar com ele, rezar com ele olhando as estrelas, caminhar na ponta dos pés pela vida, levantar o olhar e os anseios, construir um mundo de ternura.

Ele sabe de tudo e compreende Maria. Com ele, ela pode falar tudo. Com José, com suas mãos sobre sua barriga. Os três estão sozinhos neste momento.

Imagino a intimidade de Maria com Jesus. Os diálogos intermináveis no silêncio do caminho. Imagino a intimidade de Maria com José, a intimidade dos três. Como será que eles rezavam juntos? Certamente, também tinham medos, dúvidas, inseguranças.

“Como será este menino? O que vai acontecer? Onde ele nascerá? O que teremos de fazer? Como poderemos educar o próprio Deus?” Eles sentem que não sabem nada, que são fracos e ignorantes. Como se educa um Deus que sabe tudo, que pode tudo?

José está tranquilo porque Maria está presente. Ele confia totalmente nela. É um tempo de olhares, de silêncios, de ternura. De abraços calados. O anjo veio ao seu encontro. Ao de Maria, ao de José. Mas depois o anjo parece ficar calado. Não há mais sinais. Só Deus em Maria, só Maria em Deus.

Quantos caminhos nesse primeiro advento! O caminho de Deus até nós, tocando com imenso respeito a porta de Maria, a porta de José. O caminho até a casa de Isabel, Maria cheia de Deus, levando a alegria em seu ventre.

Há quadros que representam José caminhando com Maria rumo à casa de Isabel. Como poderia deixá-la sozinha? O caminho sagrado até Belém. Muitos passos, muitos dias, muitas noites. Calor e frio. Escuridão e luzes. Vento e medo. Alegria e espera. Assim como em nossa vida, quando caminhamos.

Repassamos o passado e encontramos também caminhos em nossa história, encontros e desencontros, medos e esperanças. Como José e Maria no advento. Caminhos e descansos. Muitos momentos de quietude, de recolhimento, de oração profunda, interior, de descansar em silêncio, um junto ao outro, os três unidos.

O maior milagre está escondido em Maria. O maior segredo é cuidado por José. Deus cresce dentro dela. Maria o guarda como o mais sagrado. Acaricia-o. E o espera quando ninguém o espera. Em silêncio, seu corpo e sua alma se preparam para Ele.

Ela já sabe seu nome. Chama-o pelo nome. Calada, em seu coração. Pronuncia seu nome. Chama-o suavemente. Com imensa ternura. Ela sempre o amou, e agora Ele está com Ela, para sempre.

Maria pensa nas pessoas a quem Jesus ajudará. Repete seu “sim”. Às vezes com força. Às vezes também com voz suave. Subitamente, diz como um grito. Mas, outras vezes, seu “sim” será o silêncio, o gesto calado. O simples estar em pé. O ajoelhar-se para segurar aquele que não consegue se manter em pé.

Esse “sim” de Nazaré, esse “sim” de Ain Karim, esse “sim” repetido no caminho a Belém. Esse “sim” em Belém, escondida ao lado de uma manjedoura. Esse “sim” no Egito, cheia de desconcerto. E novamente esse “sim” do silêncio de trinta anos.

Esse “sim” oculto em uma família santa. Esse “sim” que nós tantas vezes não pronunciamos. Esse “sim” que fica preso na garganta. Esse desejo torpe e pobre por levantar o olhar, a alma, o interior. Esse anseio profundo por chegar ao mais profundo da vida.
Hoje, podemos nos unir a esta oração:

“Ensina-me, Maria, neste advento, a querer, a velar, a guardar, a olhar para o meu interior sem mês distrair. Porque eu me distraio. Ajuda-me a caminhar, como tu. Tu carregas Deus sem dizer nada. Isso me comove. Como eu gostaria de me parecer mais com você!

Tu carregas Deus em tua paz, em tua ternura, em tua misericórdia, na luz dos teus olhos, nesse teu jeito de estar preocupada pelos detalhes mais humanos, de acolher com teu olhar limpo, de deixar de pensar em ti para pensar no outro.

Teu ‘sim’ de Nazaré... Ah, quantos ‘sim’ saíram dos teus lábios, da tua alma! Agora, tu e José não veem mais que o hoje, mas confiam. Em breve, haverá outro passo a ser lado, e Deus lhes marcará esse pedaço de caminho com seus passos, dando-lhes luz.

Ajuda-me a ser assim, a dar o meu ‘sim’ nos passos que preciso dar hoje, e confiar em que, para os passos de amanhã, Deus estará comigo. ‘Sim’ ao hoje. ‘Sim’ a este passo.”

Neste advento, queremos aprender novamente a caminhar. Sem pressa. Em silêncio. Desconectados um pouco. Conectados profundamente com Deus. Primeiro um passo, depois o outro. Assim, o caminho se tornará mais leve. Enxergaremos mais longe. Confiaremos com mais força. Como as crianças, que sabem que alguém as espera para iluminar seu caminho de cada dia. 

Fonte: Aleteia

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