Normalmente atribui-se ao grupo de catequistas e, às vezes ao pároco, a responsabilidade de conduzir o processo catequético. Esquece-se assim de que toda a comunidade cristã é convidada a exercer a sua maternidade espiritual e manifestar publicamente o seu compromisso de fé e vida cristã para com os catecúmenos.
Desta afirmação, fica evidente que a catequese não é tarefa somente de algumas pessoas, mas função comunitária eminentemente eclesial. Pressupõe uma comunidade cristã com grande preocupação de iniciar progressivamente os novos filhos na fé e na vida da Igreja. Pois à comunidade cristã cabe a educação dos catecúmenos através do exercício de sua maternidade espiritual em sua tríplice função de despertar, acolher e sustentar a fé dos candidatos.
Disto decorre ainda que o catecúmeno não é um indivíduo isolado, mas necessita de um testemunho e uma ajuda comunitária, já que a fé se expressa numa vida cristã concreta, o que supõe adquirir com os outros uma consciência cristã para transformar os costumes, o comportamento e os compromissos.
Pois, para uma verdadeira catequese, não basta apenas planejar o bom andamento de um conjunto de temas, mas promover a integração da caminhada da comunidade cristã com a mensagem evangélica. Desta forma, a comunidade estará formando-se na fé e sendo sinal profético e evangelizador para aqueles que desejam fazer-se cristãos.
O impulso renovador da catequese, inspirado nas orientações do Vaticano II, Medellín, Puebla e na Exortação de João Paulo II sobre a catequese, foi de enorme valia para a organização dos conteúdos catequéticos e estruturação da metodologia de trabalho. Procurou-se valorizar mais as realidades terrenas, as situações concretas vividas pelo povo como tema de catequese. São as assim chamadas catequeses temáticas (família, trabalho, política, justiça social, drogas, sexualidade etc.).
O agente de catequese com adultos deve estar consciente que a Bíblia é um livro escrito por adultos para adultos, que registra a experiência de fé dos adultos. Mostra um povo que descobriu a verdade libertadora de Deus nos acontecimentos de sua história.
A Bíblia convida os adultos de hoje a fazerem o mesmo. Os profetas eram formadores, comunicadores que se dirigiam aos adultos com responsabilidade de fazer cumprir a Aliança. Crianças e jovens aprendiam com os adultos, ouvindo as histórias do povo, participando das festas litúrgicas.
O Novo Testamento nos mostra Jesus que acolhia e abençoava as crianças, mas somente os adultos eram instruídos e orientados a segui-lo e fazer o que ele fazia. Também as primeiras comunidades são formadas por adultos, evangelizados, atraídos ao projeto e à pessoa de Jesus e catequizados através da participação na comunidade e do ensino dos mais experientes.
Portanto, a Bíblia é um livro dirigido especialmente aos adultos e deve ser a fonte primeira e mais importante de todo o processo catequético. Mas para que isso aconteça efetivamente e dê frutos, o próprio agente de catequese deve se formar para ter uma visão da Bíblia que realmente ajude os adultos a alimentar sua vida cristã.
Pois não se trata de colocar simplesmente a Bíblia na catequese com adultos e fazer a leitura de certos textos. Supõe antes que o agente de catequese saiba usar a Bíblia dentro de uma visão de atualização, dentro do contexto atual da vida, levando a um compromisso em nível individual, comunitário e social.
Padre Anderson Marçal cursou estudos filosóficos no Instituto Canção Nova. Em 2004, iniciou os estudos teológicos em Palmas (TO), arquidiocese à qual pertence canonicamente. Ordenado sacerdote em 2007, padre Anderson é mestre em Teologia e doutor em Teologia Pastoral Bíblica-Litúrgica. Para o noticias.cancaonova.com, ele escreve mensalmente sobre Liturgia.
Acompanhe, semanalmente, colunas sobre os temas: frases marcantes do Papa Francisco, defesa da vida, liturgia e teologia moral.
Fonte: Canção Nova
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